1 Procurar professores já aposentados na área;
Conclusão
Este blog objetiva ser o veículo inicial de publicação dos trabalhos semestrais da disciplina de Hístória da Educação Física produzidos pelos estudantes de cada semestre letivo da disciplina História da Educação Física: Prof. Renato Izidoro da Silva do Curso de Educação Física da Faculdade Maria Milza - Famam. O e-mail de contato do blog é: historia.famam.educacaofisica@gmail.com Observação importante: este blog também está atendendo a disciplina de Ética e Profissão Docente.
Para desenvolver essa temática, temos de primeiramente esclarecer a diferença entre História e historiografia, pois a partir desse passo somos convocados a diferenciar a realidade da realidade histórica. De modo que, a História em sua tradição moderna e científica mais fortemente iniciada no século XVIII com o Iluminismo e a Revolução Francesa, sustentou sua prática investigativa segundo a ascepção de que o historiador seria capaz de viajar através do tempo com o fim de presenciar os acontecimentos por meio de documentos: textos, utensílios, gravuras, desenhos, pinturas. E assim retratar ou transportar em palavras toda complexidade cultural, artística, social, política, econômica, espiritual, corporal do passado para o presente de modo fiel, objetivo e sem deturpações. Dessa crença nasce a História - com "H" maiúsculo -, como sustentando o ideal de ela própria ser o retrato escrito da verdade factual passada. Todavia, essa idéia de inexorável fidelidade entre os fatos do passado e os escritos da História - Geral - Factual, foi sendo questionada paulatinamente. Os textos da Hitória deixam de ser encarados como "fotografias" do acontecimento passado, para ocuparem o lugar de estudos aproximativos. O historiador não mais se assume como o porta-vóz oficial do passado, a fim de ocupar uma posição mais humilde perante os mistérios da história. Isso muito resultou porque muitos estudiosos foram percebendo que todo escrito da História carregava fortemente o ponto de vista subjetivo do historiador ou das linhas de pesquisa na história. Dessa forma, foi sendo possível assumir que o historiador ou os grupos de historiadores estavam como qualquer outro, envolvidos com os componentes culturais, sociais, artísticos, políticos, educacionais e econômicos do presente de cada um. Assim, principalmente no século XX, a História passou a ser desvendada e analisada como sendo um conjunto de textos de história escritos guiados por seus váriados modos de serem narrados a depender do universo temporal e espacial de cada autor. De tal modo, a noção de divisões temporais bem demarcadas entre as épocas passadas e o próprio presente onde e quanto se narra o passado, começa a
se desfazer. Na verdade, na escrita da História, tempos e lugares passados e tempos e lugares presentes se misturam: suas características se confundem, pois quem escreve sobre o passado sempre acaba colocando sentimentos e sentidos do presente. Por exemplo, em linhas bem gerais, se algum de nossos leitores experimentar contar uma história de sua vida em um dia presente de muita alegria, será possível identificar como esse estado emocional influenciará fortemente em sua narrativa. Mais ainda, para o experimento ficar ainda mais atrativo e comprobatório dessa nossa hipótese, tente narrar a mesma história em um dia presente que o leitor esteja muito triste ou com sentimento de raiva. Feito isso, tente verificar as diferenças. Com efeito, encarando esse fenômeno de maneira mais estrita, acadêmica e historicamente, muitos historiadores do séculos XVIII e XIX que se diziam extremamente científicos, não perceberam que eles próprios estava envolvidos com o movimento filosófico do Romantismo. Assim, por exemplo, as grandes narrativas históricas que retratam os chamados hérois do passado como reis, soldados, guerreiros, revolucionários, pensadores etc., de maneira espetacular, sofreram muita influências das literaturas trágicas e românticas. Bem como o estilo irônico ou comédia. Enfim, foi dessa forma que a chamada História Científica foi se transformando em historiografia. Esta, também científica, se diferenciava da visão megalomaníaca, pois passou a considerar que a História nunca passou de um volumoso agrupamento de textos sobre o passado. E que, portanto, tais textos também deveriam ser analisados com caltela, já que também possuem seus eganos e embaraços aproximativos. Algo que, doravante, direcionou a historiografia ao estudo de histórias particulares, concebendo o mundo humano como que constituído por pequenas histórias: história da música, história da arte, história das crianças, história das mulheres, história dos professores, história da ciência, história das religiões, histór
ia da loucura, história oral, história de comunidades, história de pessoas... e história da educação física. Sobre essa última a qual é o fundamento central de nosso trabalho, também não podemos encará-la de modo geral e absoluto como se existisse apenas UMA história da educação física. Existem várias... e a partir desse fato é que podemos discutir a questão das fontes hitorigráficas da educação física, título desta publicação. Todavia, antes de falar especificamente da temática central, há que se percorrer algumas definições - histórias - conceituais que a determinam. Começando pela famosa pergunta: O que é Educação Física? Diante dessa questão gramaticalmente tão objetiva, mas praxeológicamente tão complexa, peço ao leitor um exercício de paciência; contando antes com duas notas sobre ela, a paciência, que também parcipa de tudo que é do corpo e consequentemente da Educação Física. O dicionário Aurélio nos oferece o segundo sentido sobre a palavra: 2. Virtude que consiste em suportar as dores, incômodos, infortúnios, etc., sem queixas e com resignação. Ora, para quem acreditava ser a paciência algo estritamente espiritual e mental, se enganou. Portanto, pense bem nas palavras do Aurélio. Nessa vida, onde estão localizados e sentidos os sentimentos de dor, incômodo, infortúnio? Ou ainda, de quem o espírito depende para realizar uma tarefa com resignação? Vemos então a figura do corpo emergir à nossa frente. Vemos então novamente a figura do Pensador de Rodin (à direita) contrair toda
sua musculatura durante o exercício do pensar. Dessa maneira, fixemos nosso olhar sobre a mencionada imagem, e acompanhemos esse ato escópico com a percepção de nosso próprio corpo em movimento de pensar. Nosso corpo se mexe, arrepia, contorce, contrai, diz não, diz sim! Balança a cabeça junto à dúvida que em nós surge. Portanto, o exercício da paciência é um enorme exercício físico para o corpo. Para quem ainda duvidar, reflitam sobre por que é tão difícil ter paciência. Ou ainda, por que é tão dificil fazer com que nossos alunos tenham paciência para ouvir nossas palavras? Ou ainda, por que é tão dificil sustentar o corpo em uma leitura atenta e compenetrada? Ora, a paciência depende do corpo, e se este não se dispor a tal tarefa tal como O Pensador de Rodin se dispôs à eternidade do pensar, não há pensamento paciente, atento e reflexivo. Portanto, sigamos em frente! O que é Educação Física? Antes de mais nada, essa pergunta não sugere apenas as reflexões sobre o que nós, professores de educação física, fazemos. Epistemologicamente, ele impele a definição do objeto de estudo da História da Educação Física, pois é necessário saber o que é isso para empreender um exercício histórico. Para tanto, é necessário pensar sobre o nascimento do termo, que remonta às filosofias de John Loocke, Rousseau, Kant. Estes, longe de conceberem a educação do físico como uma disciplina, encaravam-na como uma necessidade da pedagogia enquanto disciplina da doutrina das ações humanas investidas pelos controles mentais/conceituais/culturais. Logo, tratava-se mais de um controle corporal relacionado à moral, do que uma possível exploraçào das possibilidades da corporeidade, tal como vemos os estudos multi e interdisciplinares da Educação Física abrangerem suas reflexões a ações. Mas, foi tomando a filosofia como base, que as teorias da ginástica e do esporte enquanto mediações da moral filosófica moderna forjaram aos poucos o conceito de disciplinar da Educação Física entre os séculos XVIII e XIX. Grosso modo, a Educação Física nasce da transfiguração das práticas circences e dos jogos populares, para a ginástica científica e o esporte inglês, respectivamente. Portanto, a História da Educação Física é eminentemente moderna, tomada como um movimento de disciplinação das práticas corporais tradicionais conforme os intentos da Modernidade industrial, urbana e escolar.
Há muitos anos que no campo da Educação Física brasileira tornou-se muito difícil falar e estudar outras coisas que não sejam músculos, nervos, tendões, inserções, aponeuroses... força, resistência, potência e velocidade... exercício físico e esporte... Contudo, há muitos anos que a Educação Física vem sendo também constituída por um corpo de estudiosos e intelectuais que abordam o campo de outros prismas sociais, culturais, científicos e filosóficos. Disciplinas como filosofia, epistemologia, ciências sociais, psicologia, psicanálise, história, literatura sempre atuaram forte e efetivamente no interior das tramas pedagógicas e políticas da Educação Física. Em um dos livros clássicos de nossa área Educação física, recreação e jogos, que data de 1958, Inezil Penna Marinho aborda inúmeras temáticas onde nossa disciplina está teórica e praticamente implicada: atividades naturais, ginástica, jogos, brinquedos, folclore, gincana, música, cinema, teatro, doença mental, valor social, economia, psicologia, sociologia, filosofia, pedagogia são assuntos desenvolvidos pelo autor. Com efeito, é possível perceber na prática, que o desenvolvimento de outras áreas no campo da Educação Física vem ocorrendo de maneira restrita ou regionalizada à
alguns grupos acadêmicos. A grande mídia quase nunca noticia trabalhos multi, inter e transdisplinares de nossa área. Restringem-se a associar nossos professores a atividades como musculação, alterofilismo, treinamento de atletas etc. Atualmente existem variados exemplos de professores pré-escolares, fundamentais, médios e universitários que sem muita visibilidade midiática, trabalham sob outras perspectivas. A profa. Dra. Iara Maria de Carvalho, antiga professora da Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR - e hoje professora da Universidade de São Paulo - USP, dedica se trabalho ao estudo da atividade física relacionadas às concepções de corpo e saúde na atualidade, tendo como referencial teórico as ciências humanas, a filosofia, as ciências sociais e a história. Em entrevista a Revista Digital Espaço Aberto (http://www.usp.br/espacoaberto/) a professora responde algumas questões realizadas pelo reporter Gabriel Attuy. O tema geral da entrevista foi justamente a relação da Educação Física com outras áreas do conhecimento, retratada pela trajetória profissional da Profa. Iara Maria de Carvalho, que em uma passagem declara:
desejamos nos deter para os fins deste blog. No caso de nossa displina - História da Educação Física - a qual este blog está atrelado, ela é colocada como uma matéria puramente teóricas, já que está localizada em um curso superior que carrega o pressuposto da realização de trabalhos puramente corporais: esportes, atividades físicas, treinamentos. Atentando a esse aspecto podemos formular dois questionamento. O primeiro, mais freqüentemente citado, é que as disciplinas das ciências humanas presentes em nossas grades curriculares se justifica por causa das matérias do corpo não estarem separados das matérias da mente, propondo assim uma união entre um e outro através do diálogo entre a teorização do corpo e a prática da teorização. Já a segunda altercação tenta demonstrar que as chamadas disciplinas teóricas no espaço da Educação Física não servem apenas para dar aparato acadêmico, metodológico e epistemológico às disciplinas que operam com a aplicação da teoria. Quais sejam: o treinamento, a modelagem corporal, o esporte. Mesmo por que, essa parte é mais bem aplicada aos estudos da anatomia, fisiologia, biomecânica, que visam diretamento o desenpenho físico-corporal. Assim nos perguntamos: qual é a aplicação prática do estudos filósoficos, históricos, sociológicos, atropológicos no contexto empirico das aulas de
educação física? De modo mais direto: em que contribui essas disciplinas chamadas de puramente teóricas, por exemplo, no aumento do diâmetro de bíceps dos alterofilistas? Pois bem, trata-se de uma pergunta que não se tem resposta pautada na lógica da causa que promove um efeito diretamente. Todavia, oferecemos uma saída prática a tais matérias teóricas. Qual? Exercer sua própria prática no contexto atual da Educãção Física. Mais detidamente, a displina que está promendo este blog vem trabalhando no sentido de despertar a possibidade prática de se trabalhar com a historiografia da Educação Física. Em outros termos perguntamos: qual é a parte prática da disciplina História da Educação Física? Respondemos: Fazer história da Educação Física! Ou ainda: contribuir com a historiografia da Educação Física. Como? Pesquisando! Dizemos isso pois uma consideração é certa. Campos como como o da filosofia, sociologia, antropologia e história, nasceram justamente da prática investigativa dos fenômenos cotidianos dos seres humanos, envolvido pela: sociedade, cultura, política, economia. Tudo isso no sentido de construir um entendimento acerca do fenômeno mais amplo que é a própria Educação Física. Não esgotando nossos argumentos por aqui, ponderamos que por esse caminho é possível pensar de maneira absolutamente estrita na prática do profissional com seus alunos, atletas, pacientes durante a estruturação as aulas em ginários, campos, academias. Como? Tentaremos responder exemplificando. Nós profissionais que já atuamos com a Educação Física em escolas, academias, clubes, comunidades em geral, de sol a sol, de vento a vento, areia, terra, cimento em meio a agitação de nossos alunos, sabemos que o trabalho não é fácil, pois nem sempres nossos alunos, atletas, pacientes estão dispostos a exercitarem nossas recomendações, outras tantas vezes eles não se interessam, algumas outras, eles não compreedem por não verem sentido. Nossa hipótese que sugere uma saída acerca de um entendimento dessas dificuldades, argumenta que na maior parte das vezes é necessário conhecer basicamente a comunidade com a qual vai se trabalhar no sentido de mapear seus desejos, intensões, interesses... Suas determinações. Trilhando por essa reflexão, podemos abordar disciplinas como História da Educação Física como sendo uma possibilidade conhecer melhor a cultura corporal de uma população: seus jogos, suas brincadeiras, seus ideais corporais, suas tradições. Visando melhor adaptar nossos planejamentos de aula, bem como produzir sentidos culturais para a prática de um atleta que irá representar um município, um estado, um país. Mais ainda, estudos dessa natureza,
além de contribuirem como o próprio campo - a história, a sociologia etc. em si mesmas - podem também influenciar no entedimento da cultura alimentar, visual, oral, técnica e teconológica que determinam fortemente a escolha das atividades física preferidas de uma população. Disso, podemos adaptar, reproduzir, produzir e criar novos elementos na cultura corporal. Sendo assim, ainda que básicos, introdutórios e incipientes, os trabalhos produzidos pelos estudantes desta disciplina especificamente, constituem um começo que pode servir de exemplo e fonte de estudo dirigida às nossas mais variadas práticas.


Imagem 1 - Discóbulo: Estátua grega, esculpida por Mirón por volta de 440a.C. Ela tem o poder de representar elementos como o jogo, o esporte, a técnica, o corpo, a saúde, a mecânica... muito comuns em nossa prática cotidiana.
Imagem 2 - Anatomia: Muito conhecido, quadro que representa a anatomia do corpo humano, não sabemos seu título, autor nem data de produção. Mas, para nós importa a possibilidade dela representar forte elementos práticos e teóricos de nosso fazer: anatomia, corpo, dimensões, ciência, biologia, músculos, tendões, nervos, veias, artérias, cérebro, fisiologia, mecânica, ... são componentes que compõem nossa prática enquanto educadores físicos.
Imagem 3 - O Pensador: Estádua esculpida entre os anos de 1880 e 1922 por Auguste Rodin procura retratar um ser humano em inteso pensar introspectivo sobre si e o mundo. Essa imagem pode seduzir o interesse da Educação Física na medida em que a personagem demonstra um extremo vigor corporal por meio dos traços rusticamente definididos de seus músculos contraídos. Mais profundamente, a estátua questiona a comum idéia cartesiana que separa o corpo da mente, pois está evidente que a tarefa tensiva e reflexiva do ser em pensamento, evoca a concentração do humano em sua unidade.
imagem 4 - Os leitores que tiverem sugestões de alguma imagem/símbolo que represente a Educação Física em Cruz das Almas e Região; envie um e-mail com a imagem sugerida em anexo, contendo nome do autor, data e meio de produção da imagem. historia.famam.educacaofisica@gmail.com