quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Dando continuidade à produção deste blog segundo seus objetivos, as próximas publicações são referentes aos trabalhos sobre a História da Educação, feitos pelos estudantes da turma do segundo semestre desde ano (2007.2). Retomando um pouco do contexto científico deste blog, no semestre passado (2007.1) os trabalhos aqui publicados seguiram uma discussão em torno da produção historiográfica na Modernidade, que diz de uma crítica às chamadas Meta-narrativas predominantes entre os séculos XVIII, XIX e XX. Como é possível ler em nosso texto introdutório, o final do século XX e este início de século XXI são marcados por uma mudança de paradigma no campo da historiografia. Esta abandona a chamada História Oficial baseada no estudo historiográfico dos fatos (História Factual), a fim de relativizar seu estatuto que durante quase três séculos produziu uma certa realidade histórica que exalta os feitos no interior da vida política, econômica e cultural das classes dominantes. Isto é, falou-se tanto dos trajes dos Reis, das Rainhas, das Princesas, dos Bispos, dos Papas... Das batalhas napoleônicas... Das potências hegemônicas... Como se fossem uma espécie de História Universal e\ou Geral, tao como aprendemos na escola. Mas, deixaram sucumbidas as histórias dos escravos, dos servos, dos loucos, dos proletários, das mulheres, dos índios, dos negros... No caso da Educação Física, por exemplo, se sabe muito mais de sua longa história na Europa do que sua recente história na Bahia, no Recôncavo, em Cruz das Almas e Região. Temos mais registro de como eram os costumes corporais da Europa do século XIV, do que dos costumes indigenas do Brasil e da Bahia. Mais ainda, tudo que se sabe sobre as práticas corporais dos excluídos e colonizados, é na verdade um conjunto de interpretações da burguesia, do clero... sobre esses outros diferentes, diversos. Nesse sentido, os trbalhos da turma 2007.1 tentaram obedecer uma produção historiográfica segundo um localismo em diferenciação às perpectivas universalistas. Assim, cada grupo optou por investigar introdutoriamente a História da Educação Física e das Práticas Corporais em geral, em algum município da região. Podemos dizer que a conclusão principal a que chegaram os grupos foi a da escassez de arquivos e fontes sobre o assunto. Para tanto, uma das saídas foi recorrer a relatos de pessoas antigas no local, que possivelmente vivenciaram a organização ou desorganização das educações físicas da região. Em suma, um conjunto de memórias não muito claras e ainda uma iniciação metodológica ainda principiante por parte dos pesquisadores. Para aprofundar esse primeiro momento basta procurar no blog nossas primeiras publicações. Importa agora vislumbrarmos uma continuidade da perspectiva historiográfica adotada, pelos estudantes de 2007.2. A sugestão de pesquisa foi a de desbravamento das chamadas Histórias Pessoais ou Biográficas. A historiografia hodierna percebeu que a construção de uma possível História mais geral pode passar por um conjunto de Autobiografias ou micro-histórias articuladas, necessariamente e inevitavelmente, ao contexto social do sujeito em questão. De maneira mais específica, é possível por esse meio desvendar outras interpretações vivas e vividas para um fenômeno mais amplo, bem como saber como um ser humano constrói-se enquanto sujeito fenomenologicamente particular, como sendo uma perspectiva única. Para tanto, cada estudante da disciplina realizou o esforço de escrever uma Autobiografia introdutória articulada à Educação Física. Logo, não se trata de uma Autobiografia completa e geral, e sim de suas partes onde os elementos como o esporte, o lazer, a dança, os jogos etc. aparecem como atuantes na constituição da vida de um sujeito em relação à coletividade. Sendo assim, introduzo uma série de trabalhos de iniciação científica no campo da historiografia na Educação Física, não nos esquecendo que a continuidade com respeito aos trabalhos de 2007.1 se faz bem presente na medida em que as autobiografias estudantis dizem da história de pessoas pertencentes à Cruz as Almas e Região.


Prof. Renato Izidoro da Silva

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